Saio do carro deixando-a semi nua. O temporal adensa-se dentro e fora de mim. A chuva cai em bátegas intensas e os trovões dançam com os relâmpagos a mentira que tentam passar de que não são simultâneos. Eu vivi nessa mentira durante todo este tempo. O amor que desejava não existia, e o senso comum só me deixou ver o que tinha diante dos olhos. A mágoa e o desespero não me deixavam ver mais além.
Aproximo-me da beira da falésia. A minha vontade é saltar, deixar tudo para trás. As minhas ilusões, os meus sonhos, a raiva e a desilusão. Sinto-me a tombar, sem saber se é só a minha vontade ou o vento que conspira pelo meu adeus a tudo.
Sinto os seus dedos a enterrarem-se no meu braço.
Com brusquidão puxa-me, atira-me para cima do capô do carro, abre-me a camisa, e beijando e mordendo, percorre-me o pescoço, as orelhas, o peito. Demora-se nos mamilos e, roçando a dor, arranha-me com um prazer que pelo seu olhar sei que é mútuo. Despe-se toda. Despe-me todo. Não conheço esta Inês que louca de prazer me possui.
Nus, em cima do carro, ela sobre mim, alheios à chuva e ao frio, ao vento e à tempestade que ameaça subir a falésia e salpicar-nos de sal, volto a senti-la, por dentro, e sabe-me bem a sua excitação. Sabe-me bem o seu gemer que se confunde com os trovões, sabe-me bem o frio que ignoro, pois por dentro todo eu sou um fogo que se deseja libertar nela. O mar começa a uivar, as ondas a baterem no seu compasso sem harmonia oposto ao compasso em que os nossos corpos chocam uma e outra vez, uma e outra vez, uma e outra vez. A luz dos relâmpagos ilumina a sua face rosada, sinto o seu corpo contrair-se, sinto dentro dela essas contracções. Não quero parar, não consigo parar. Um onda bate lá em baixo, o céu ilumina-se com um trovão ensurdecedor, e eu, vulcão em plena erupção não me contenho mais e sou teu... minha amante perfeita. Agarro-a nos ombros, e puxando-a para baixo, sinto o orgasmo mais prolongado que alguma vez senti. Não consigo parar de tremer, não quero deixar de a ouvir gemer.
No meio da tempestade fomos um só.
Ofegantes beijamo-nos. Ela deixa-se cair a meu lado e, deitados na chapa fria de um carro velho, de olhos semi-cerrados pela chuva que cai, dizemos em uníssono:
- Eu amo-te.
21 comentários:
Uau!!!
Acho que só respirei quando terminei de ler... :)
Está fantástico!
Epah...
Bem escrito como sempre. Consigo quase sentir o que eles sentem (quase!)...
Ainda assim, reflicto... e não gosto de pessoas que não dão valor ao que têm... não gosto de pessoas que deixam o amor para trás e seguem em frente. E não gosto que essas pessoas sejam compensadas no final...
Mas a vida é assim...
Beijos
Outra coisa...
Escreves da maneira como eu gosto do meu café matinal... intenso, forte amargo...
... perfeito!
Estou sem palavras, sem ar, e com muito calor...não oiço nada a não ser o meu coração bater!
Ena ena o poeta podia escrever sem dúvida aqueles contos eróticos da ANA AHAHAHAHAHAH! Xiça...vou ali e já venho...
...voltei! Ena, muito bom, quase consegui ver a situação ;)! Uma sensação de deja vu com personagens diferentes AHAHAHAHA!
Abreijinhos...ehehehehe tu tu!
Felizmente não foram catados ehehehehehehhehehe...sortudos!
Abreijos
Esplendido!! juto que neste momento me chamo António...
Foste claro....escreveste o que toda a gente sente quando está assim, mas nunca o conseguem demonstrar, nem por palavras, nem por escrita.
Congrats!
E mais...
"Ofegantes beijamo-nos. Ela deixa-se cair a meu lado e, deitados na chapa fria de um carro velho, de olhos semi-cerrados pela chuva que cai, dizemos em uníssono:
- Eu amo-te. "
Só quem viveu isto sabe a intensidade deste momento....
Ufaaaaa!!!!!
Até me falta a respiração !!!
Desreves o momento com uma intensidade crescente, de uma forma, por assim dizer, palpável ...
E agora ???
mas o facto de não gostar do toino, não invalida que estou a gostar da historia eheheheh, tanto que me revolto toda contra o gajo looooool!
PORRA!!!!! mas que gajo mais indeciso, boooooolaaaaaas!!!!! ATÃO AFINAL???? ama ou não????? ai foi violado??? tadinho, tenho cá uma peninha dele...
:D e falou a cascadora mor do antonio. Bolas, desculpa, mas não gosto mesmo do gajo e não consigo ficar feliz por ele. Só penso na Joana, que foi enganada em todas as vertentes.
Van:
Tenho k concordar com a Van, não gosto nada do Toino, mas consigo imaginar-me no lugar da Inês, talvez com outro "Toino"...
Gostei...
Bjokas
Eu não tenho propriamente um desgosto ao "toino" porque entendo a situação dele... embora ele praticamente usou a Joana, de uma maneira ou de outra, e isso é muito mau. Se eu fosse a Joana, detestá-lo-ia. Mas como não sou, e estou de fora da "história", consigo ver os pontos de todos as personagens. Os três cometeram erros... a Joana foi a que cometeu menos.
E se este capítulo fosse uma pessoa, quem lhe dizia "amo-te" era eu... Amei :) Mesmo... :)
Beijocas
Eu já disse tudo o que tinha a dizer... porque o poeta aqui és tu... =)
Tu queres meter o pessoal todo maluco???? Isto obrigatoriamente devia ter bola vermelha no canto superior direito! Este capitulo é de suster a respiracao do primeiro ao ultimo ponto!
Surpreendeste-me mais uma vez pela positiva! lol
Bem... Não encontro palavras...
A intensidade das imagens que as palavras colocaram no meu pensamento...bem...
Excedeste-te meu caro poeta.
Ai, ai...se ler isto outra vez antes de adormecer...hummm, acho que muito bons sonhos vou ter :))
Beijo
É de cortar a respiração - que belo temporal...
Parabéns pela escrita!
Boa semana.
Quase que tinha aqui um ataque de taquicardia.
So respirei fundo no fim.
E agora como vai ser?
Bj.
A D O R E I!!!!
Incrível como ao ler as tuas palavras nos sentimos no meio de tudo, a viver cada bocadinho!Excelente mesmo!Bj.
A D O R E I!!!
Incrível como ao ler-te nos sentimos no meio de tudo, a viver tudo aquilo que descreves...
Simplesmente fantástico!
Beijinho.
;) ver aqui a certos comentários e perceber as voltas que a vida dá só me faz sorrir e rir.
Estou a adorar a história mas parece-me que o António anda com os sentimentos um bocadinho baralhados...não é amor?
Capítulo escaldante e a deixar as leitoras em brasa, hein?
E eu aqui a morrer de saudades tuas...
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