terça-feira, 6 de janeiro de 2009

Sem Ti (R) - capítulo III

Levanto-me sem lhe dar tempo de esboçar mais uma palavra sequer ou de me voltar a cativar com aqueles verdes longos olhos e saio porta fora.
O que parecia, ao acordar, o dia como todos os outros, estava a tornar-se no meu maior pesadelo. Não sei o que sentir! A raiva, a dor e o ressentimento, travam uma batalha sangrenta com o amor, o verdadeiro amor, a saudade, a paixão e a vontade. Neste momento não me sinto, não me encontro, não sei onde ir.
O céu chora comigo. A noite já caiu e a chuva gelada invade as ruas da cidade dormente como eu. Quem comigo se cruza nas ruas não imagina a chacina que vai dentro de mim, a batalha infindável desta guerra que eu julgava já terminada.
A paz não quer nada comigo.
Chego a casa.
Enrolada na toalha do banho, com o cabelo ainda molhado, a Joana parece-me perfeita. Aquela perfeição que julgamos ver em quem, apesar de não amarmos, já nos habituámos.
Aproximo-me dela, abraço-a, beijo-a, arranco-lhe a toalha do corpo.... os nossos cabelos molhados, os dela pela água que liberta e lava, os meus pela água que recorda, emaranham-se.
Dispo-me e deito-a na cama... agarro-lhe as coxas, beijo-lhe o peito... fazemos amor, sexo, paixão, instinto animal, seja o que for, nesse momento somos um só, e tudo parece fazer sentido. Nunca uma pessoa com quem já trocámos fluidos nos poderá ser indiferente. Fica sempre parte dela em nós e parte de nós nela.
Ofegantes, sorrimos, voltámos a ter um orgasmo em simultâneo, tantos meses depois...

- Venho já!
- Eu vou para a sala.

Ela dirige-se para a casa de banho e eu sento-me no sofá da sala. As lágrimas começam a cair e eu, não as consigo conter. Talvez não queira. Talvez não mereça. Neste momento todo eu sou Inês, pois foi com ela que a minha imaginação fez amor...

1 comentário:

sakura disse...

De cortar a respiração esta parte, meu amor...
Mas, tenho um reparo a fazer... "Nunca uma pessoa com quem já trocámos fluidos nos poderá ser indiferente"...não sei se concordo. Depende muito da pessoa e, na altura, não nos será indiferente. Mas o tempo muda tudo...